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Saracura Vai-Vai: proteger a ancestralidade e cuidar do futuro

  • imprensa5967
  • 28 de mar.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de abr.

Construção do metrô 14 Bis-Saracura é importante para mobilidade da região, mas deve preservar o sítio arqueológico do Quilombo Saracura



Avançam no centro de São Paulo obras da linha 6 do metrô, e uma estação em específico tem sido motivo de debate. Trata-se da estação 14 Bis-Saracura, ou melhor, Saracura/Vai-Vai, localizada no coração do Bixiga, que está sendo construída sobre um sítio arqueológico histórico: o antigo Quilombo Saracura. A comunidade luta para preservar esse patrimônio, com forte e presente apoio comandato de vereança da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo.


É possível dizer que na região se encontra um terreno vivo da ancestralidade brasileira. No século XX, o Quilombo Saracura abrigava famílias negras libertas e descendentes de quilombolas. A área ficou conhecida como "Pequena África", e foi um dos berços do samba em São Paulo. Da comunidade surgiu a Vai-Vai, uma das escolas de samba mais tradicionais do Brasil. Mas, em 2021, sua sede histórica foi demolida para o início das obras de construção da estação.


Durante as escavações, foram encontradas mais de 30 mil peças arqueológicas e alicerces históricos. São vestígios da ocupação negra quilombola do Bixiga. O Iphan já reconheceu o local como território consagrado de matriz africana, e se manifestou contra a destruição do sítio. Em 2024, a Ebomi Jennifer de Xangô, que assumiu o Ilè Asè Iyà Osun, após a morte de Pai Francisco de Oxum, esteve no local das escavações e identificou peças de ágata, como prato raso e funda, usados no candomblé, além de faca e ferradura, que são símbolos do orixá Ogum.


Agora, uma série de especialistas defendem que a estação incorpore essas ruínas à sua arquitetura. A Mobilização Estação Saracura/Vai-Vai, que reúne uma série de coletivos e militantes em prol da luta pela construção da estação Saracura Vai-Vai e pela criação de um museu histórico do Quilombo Saracura, com a preservação integral do sítio arqueológico encontrado, cresce e ganha apoios cada vez mais sólidos. Inclusive já tramita um projeto de lei para que a estação passe efetivamente a se chamar “Saracura Vai-Vai”, e não “14 Bis-Saracura”, como proposta pela Prefeitura – um indício de apagamento da história do samba na região.


“Estamos em luta para poder preservar a história do povo negro da cidade de São Paulo e do Bixiga. É inadmissível não ter a estação do metrô, e é inadmissível também não ter a preservação de todos os achados arqueológicos neste espaço. O IPHAN precisa garantir a preservação da história e da memória do povo negro da cidade de São Paulo! Para que as gerações atuais e as futuras possam se apropriar de toda esta riqueza cultural”, comentou a covereadora Silvia Ferraro, da Bancada Feminista do PSOL, em encontro com o coletivo de defesa da região.


Modelos internacionais mostram que metrôs podem proteger a história. O povo do Bixiga precisa de transporte digno de qualidade pra já, mas também precisa, agora, de respeito à memória negra do bairro e de seu povo. O PSOL está em luta e manifesta todo seu apoio à Mobilização Estação Saracura/Vai-Vai.

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