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Cultura | Atlânticos: nova mostra convida a repensar língua, memória e colonialismo no Museu da Língua Portuguesa

  • imprensa5967
  • 12 de set.
  • 2 min de leitura

Projeto une arte visual e questionamento político-cultural entre Brasil, Angola e Portugal; mostra gratuita ocupa espaço público de diálogo


Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Quando pensamos em língua portuguesa, imaginamos comunhão, herança e identidade — mas também olhares silenciados, histórias coloniais e desigualdades persistentes. A mostra temporária Atlânticos, que estreia em 12 de setembro e vai até 2 de novembro, no Museu da Língua Portuguesa, propõe exatamente esse tensionamento. Com vídeos, esculturas e instalações de artistas brasileiros, angolanos e portugueses, o projeto ocupa o Pátio B do museu, num espaço que se abre para a rua, evidenciando a língua não como algo confinado, mas como vivência pública.


Entre os participantes estão Jonathas de Andrade e Shirley Paes Leme (Brasil), Gegé M’bakudi e Wyssolela Moreira (Angola), Jorge das Neves e Inês Moura (Portugal). Há uma residência artística de dez dias realizada em 2024 como base da produção das obras.A curadoria é tripartite — Fabio Dedulque (Brasil), Carlos Antunes (Portugal) e Mehak Vieira (Angola) — garantindo olhares diversos sobre a língua comum, ligada às questões coloniais e à diáspora.


As obras dialogam com temas urgentes: identidades fragmentadas, fronteiras linguísticas, memória ancestral, desigualdade social. Exemplos: Jonathas de Andrade apresenta fotografias da série ABC da Cana, que mistura letras do alfabeto feitas pela própria plantação de cana, trabalhadores e natureza; Inês Moura traz instalação com sementes e intervenção sonora evocando o “ouvir” de diferentes línguas; Gegé M’bakudi trabalha masculinidades e presença corporal em espaços urbanos e rurais; Shirley Paes Leme propõe escadas-viventes em bronze que conectam passado vernacular e presente urbano; entre outras.


Para o PSOL, Atlânticos representa uma exposição recomendável não apenas artisticamente, mas politicamente: em tempos de apagamento cultural e de políticas que ignoram as periferias, a mostra oferece uma janela para escutar vozes negras, lusófonas e historicamente marginalizadas. A língua portuguesa, frequentemente usada como instrumento de poder e homogeneização, aqui se torna terreno de invenção plural, resistência e reconhecimento.


Que o acesso seja amplo, que escolas visitem, que se promova debate. Essa é uma mostra para todos os que acreditam que cultura é direito, memória é afeto coletivo e que um idioma comum não impede (mas exige) admitir diferenças — entre povos, sotaques, corpos e histórias.


Mostra “Atlânticos”


Período: 12 de setembro a 2 de novembroHorário: terça a domingo, das 9h às 18hLocal: Pátio B do Museu da Língua Portuguesa, Estação da Luz, Centro, São PauloEntrada gratuita: o Pátio B tem ligação com a rua e a passarela da Estação da Luz, sem necessidade de reserva prévia de ingresso para visitação nesse espaço de artes visuais.


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