Mais de 1,5 milhão ficam sem luz por mais de 24 horas em São Paulo e Enel ‘lava as mãos’
- imprensa5967
- há 4 dias
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Vendaval expõe privatização da energia e falta de competência da Enel, além da negligência de Nunes em ações de prevenção

Mais de 24 horas após o vendaval que atingiu São Paulo nesta semana, cerca de 1,5 milhão de pessoas continuaram sem energia elétrica nesta quinta-feira (11), segundo dados da Enel Distribuição São Paulo. No auge da crise, cerca de 2 milhões de imóveis ficaram no escuro simultaneamente – aproximadamente um quarto das residências atendidas pela concessionária. A empresa italiana segue sem previsão para restabelecer 100% do fornecimento.
O diretor regional da Enel, Marcelo Puertas, evitou dar prazos durante entrevista para veículos de imprensa, e ainda justificou que o evento climático foi "histórico" e "fora da curva".
Negligência de Nunes com podas agravou a crise
O apagão tem um agravante: a gestão Ricardo Nunes (MDB) acumulava 19.175 pedidos de poda e remoção de árvores em aberto até setembro. O manejo arbóreo é uma das principais ações preventivas para evitar acidentes e preservar a rede elétrica. O Corpo de Bombeiros registrou mais de 1.300 chamados relacionados a quedas de árvores durante o vendaval, o que leva a queda de energia.
A capital paulista lidera com o maior número de pessoas sem luz no estado, ultrapassando 1 milhão de unidades consumidoras. Os bairros mais afetados são Ipiranga, Jabaquara, Vila Prudente, Vila Andrade, Campo Limpo, Bairro do Limão, Cangaíba, Parelheiros, Parque do Carmo e Sacomã. Na Grande São Paulo, Embu-Guaçu, Juquitiba e Cotia tiveram pelo menos 40% das cidades sem luz. A falta de energia comprometeu o abastecimento de água, causou o apagamento de 218 semáforos e provocou o cancelamento de centenas de voos.
Privatização e sucateamento
O apagão prolongado expõe o fracasso do modelo de privatização da distribuição de energia em São Paulo. A Eletropaulo foi privatizada em 1998 e, em 2018, a Enel assumiu o controle. Desde então, os custos para a população aumentaram e o serviço teve piora vertiginosa, com falta de manutenção e apagões recorrentes.
Esta não é a primeira vez que a cidade fica dias sem energia. Em novembro de 2024, mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas e o retorno completo só ocorreu quatro dias depois. Em outubro, outro apagão deixou milhares no escuro por uma semana, gerando prejuízos estimados em R$ 2 bilhões.
Prejuízos bilionários e impunidade
A FecomercioSP estima perdas de no mínimo R$ 1,54 bilhão até a última quinta-feira. O setor de serviços deixou de faturar pouco mais de R$ 1 bilhão, enquanto o comércio perdeu R$ 511 milhões. Comerciantes relatam perdas severas, como o restaurante Praça de Minas, que teve prejuízo de R$ 80 mil apenas em produtos perecíveis. Moradores também contabilizam perdas de alimentos, medicamentos e equipamentos eletrônicos.
Apesar dos prejuízos recorrentes, a Enel sequer pagou as multas impostas pela Aneel, que somam cerca de R$ 300 milhões.
A falta de trabalhadores experientes e o sucateamento da rede transformam eventos climáticos severos em tragédias prolongadas para milhões de pessoas.



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