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Marcha das Mulheres Negras: uma década de luta por reparação e bem viver

  • imprensa5967
  • 24 de nov.
  • 2 min de leitura

Mobilização retorna a Brasília nesta terça (25) para denunciar que 63% das vítimas de feminicídio são mulheres negras, cobrando políticas que enfrentem a herança do racismo estrutural


Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A mobilização nacional das mulheres negras retorna à capital federal nesta terça-feira, 25 de novembro, para a segunda edição da Marcha das Mulheres Negras. O ato retoma o tema central Reparação e bem-viver para denunciar o racismo e o sexismo que atravessam a vida do maior grupo populacional do país (mais de 28% da população).


Dez anos após a primeira marcha, que em 2015 reuniu mais de 100 mil mulheres, a pauta da luta se intensifica diante de dados alarmantes. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano revela que as mulheres negras são 63% das vítimas de feminicídio no Brasil. No campo do trabalho, 69,9% dos trabalhadores em serviços domésticos remunerados são mulheres negras, sendo que 76% delas atuam sem carteira assinada.


Reparação e o Projeto de Nação pelo Bem Viver


A marcha não se limita à denúncia, mas apresenta um projeto de nação focado na dignidade e na justiça social. O conceito de Bem Viver é defendido como um novo marco civilizatório, oriundo da ancestralidade, que orienta um modelo de sociedade baseado no cuidado e na coletividade, livre do racismo.


Entre as reivindicações centrais, destacam-se a reparação histórica — que exige políticas concretas para reverter os efeitos da escravização —, a titulação de terras quilombolas, a investigação rigorosa de casos de violência doméstica, o acesso à saúde de qualidade, o fim do racismo religioso e a criação de mecanismos que garantam a participação plena das mulheres negras na vida pública. A luta se estende a bandeiras como justiça climática, justiça tributária e justiça econômica.


A coordenação da marcha ressalta que o movimento, ao ocupar as ruas, demonstra um projeto de nação capaz de superar o individualismo e a fragmentação das lutas, mesmo em um espaço que se torna cada vez mais hostil aos movimentos sociais.


Agenda Política na Esplanada


A concentração para a caminhada desta terça-feira inicia-se a partir das 7h em frente ao Museu Nacional. O evento segue com uma Sessão Solene no Congresso Nacional às 9h, em homenagem ao papel decisivo das mulheres negras na democracia, e com a caminhada pela Esplanada dos Ministérios a partir das 10h. À noite, as representantes serão recebidas em audiência pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, às 19h30. A mobilização se estende aos 26 estados e ao Distrito Federal.


PSOL na Luta por Direitos.


Ao convergir com a data que celebra a resistência negra, a Marcha reafirma um compromisso inegociável com a democracia, a justiça social, a reparação histórica, o antirracismo sistêmico e a ancestralidade. O PSOL, que historicamente atua na defesa das agendas feministas, antirracistas e de direitos humanos, soma-se a essa convocação, reconhecendo a importância decisiva das mulheres negras como vanguarda na construção de um país livre do medo, da desigualdade e da injustiça.


A concentração para a grande caminhada desta terça-feira acontece às 8h30 no Museu Nacional, de onde as participantes seguirão em uma poderosa manifestação até o Congresso Nacional.

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