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Nunes sinaliza segundo aumento de tarifa em menos de 1 ano após reeleição enquanto repasses a empresas explodem

  • imprensa5967
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

Custos sobem R$ 492 milhões em 2025 e prefeitura já injetou R$ 350 milhões extras; subsídios às concessionárias devem alcançar R$ 6,5 bilhões no ano


Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) sinalizou novo aumento na tarifa de ônibus para 2026, o segundo reajuste em menos de um ano desde sua reeleição. Em entrevista, Nunes afirmou que receberá planilhas da SPTrans após o dia 20 de dezembro para analisar custos e decidir sobre o reajuste que deve ser anunciado em janeiro. A passagem subiu de R$ 4,40 para R$ 5,00 em janeiro de 2025, aumento de 13,6%.


Para 2025, o orçamento prevê R$ 6,5 bilhões em subsídios às empresas de ônibus, valor que tem crescido ano após ano.


O modelo de concessão adotado pela prefeitura tem gerado transferências bilionárias às empresas privadas. Só em dezembro, Nunes abriu dois créditos extras somando R$ 350 milhões: R$ 100 milhões no dia 2 e mais R$ 250 milhões no dia 8, destinados às "Compensações Tarifárias" – mecanismo que cobre a diferença entre a tarifa paga pelo passageiro e a remuneração prevista nos contratos assinados em 2019. Segundo informações obtidas pela imprensa junto a operadoras do transporte coletivo, ainda faltam R$ 350 milhões para fechar a conta de 2025. 


Em 2024, os subsídios alcançaram R$ 5,6 bilhões até outubro, superando os R$ 5,3 bilhões de todo o ano de 2023. Os contratos de concessão garantem que as empresas recebam a diferença entre a tarifa pública e seus custos operacionais, transferindo o ônus do desequilíbrio econômico inteiramente para o poder público.


Nunes justifica os subsídios crescentes comparando São Paulo com cidades vizinhas. "Todas as cidades do entorno têm tarifa de R$ 5,60, R$ 5,40, R$ 5,80. A nossa é R$ 5,00", afirmou. Segundo o prefeito, sem subsídios, a tarifa seria de R$ 11,86. Se todos os passageiros pagassem (sem gratuidades), o valor cairia para R$ 7,86.

A argumentação omite pontos cruciais. A queda no número de passageiros – de 9 milhões por dia em 2019 para 7 milhões atualmente – não é exclusividade de São Paulo, mas tendência nacional agravada pela pandemia e pela falta de investimentos em qualidade do serviço. Mesmo assim, o modelo de concessão garante que as empresas continuem lucrando, com a prefeitura cobrindo qualquer déficit.


Nunes também tenta desvincular o aumento de 2025 da inflação acumulada. "Já estamos no quarto ano consecutivo sem correção. Deu 32% de inflação", disse, omitidindo que sua gestão optou por congelar a tarifa justamente no período eleitoral de 2024.


A sinalização de novo reajuste para janeiro de 2026 marca o segundo aumento em menos de 12 meses desde que Nunes foi reeleito em outubro de 2024. O primeiro reajuste, anunciado em dezembro de 2024 para vigorar em janeiro de 2025, já havia sido criticado por ocorrer logo após as eleições.


A população arca com o duplo ônus: paga mais caro pela passagem e ainda financia, via impostos municipais, os bilhões transferidos às concessionárias. O modelo beneficia prioritariamente as empresas privadas, que têm lucros garantidos independentemente da qualidade do serviço ou do número de usuários. Enquanto isso, áreas como saúde e educação disputam recursos com um sistema de transporte cada vez mais oneroso.

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