Povo volta às ruas contra o Congresso Inimigo do Povo e impunidade para golpistas do 8 de janeiro

Manifestação na Paulista repudia PL da Dosimetria e pressiona Senado a barrar projeto que beneficia Bolsonaro e condenados pela trama golpista

Foto: Elineudo Meira/@fotografia.75

Milhares de pessoas tomaram a Avenida Paulista neste domingo (14) em defesa da democracia, contra o Congresso Inimigo do Povo e contra o PL da Dosimetria, projeto que beneficia os condenados pela tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Convocado pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, com adesão e mobilização do PSOL, o ato foi uma resposta contundente à manobra do Centrão e da extrema-direita que, na madrugada de quarta-feira (10), aprovou o texto que alivia as penas de quem tramou e executou o golpe de 8 de janeiro de 2023.

Além das frentes e do PSOL, compareceram também diversos movimentos sociais, sindicatos, organizações estudantis e juventudes, coletivos políticos e sociais, além de uma grande massa popular de cidadãos e cidadãs indignados com mais esse atropelamento da Câmara presidida por Hugo Motta sobre o povo. Ao invés de discutirem pautas relevantes para a classe trabalhadora brasileira, como o fim da escala 6 x 1, esperam a calada da madrugada para blindar criminosos lesa-pátria.

A própria forma como o projeto foi aprovado ilustra essa ruptura: sessão que avançou pela madrugada, agressão e expulsão à força do plenário de deputados federais do PSOL que lutavam contra a cassação de Glauber Braga, sinal da TV Câmara cortado e mais.

O projeto aprovado pela Câmara altera o cálculo das penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito, beneficiando diretamente Jair Bolsonaro, mandante da trama golpista e condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático e golpe de Estado. Com as mudanças, o ex-presidente poderia deixar o regime fechado em pouco mais de dois anos. 

Mas o alcance do projeto é ainda mais amplo e preocupante: a progressão facilitada se estende a condenados por qualquer tipo de tentativa de golpe de estado, crimes violentos como exploração sexual mediante violência, incêndio doloso e interferência em licitações por meios violentos.

O recado na Paulista foi claro: o Brasil não aceitará impunidade para quem tentou destruir a democracia e jogar o País novamente em uma ditadura sanguinária. Lideranças destacaram que o PL da Dosimetria representa a continuidade da tentativa de golpe, agora por vias parlamentares, fruto de um acordo para viabilizar o apoio de Bolsonaro à candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência em 2026. Vale lembrar que a condenação de Bolsonaro não se refere apenas aos ataques às sedes dos Três Poderes, mas a uma trama que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

O projeto segue agora para o Senado, onde encontra relator favorável à anistia e pode ser votado ainda esta semana. A mobilização popular, no entanto, não arrefece. Assim como ocorreu com o PL da Blindagem, que pretendia blindar políticos da Lava Jato e foi enterrado pela pressão das ruas, a força do povo organizado nas ruas pode barrar mais esta investida golpista.