Cultura | “Pop Brasil” na Pinacoteca: a arte pop como resistência e crítica social

Maior exposição do ano em São Paulo destaca 250 obras de uma geração que transformou cultura de massa em ferramenta de denúncia e identidade nacional

Foto: Levi Fanan

Até o dia 5 de outubro, a Pinacoteca de São Paulo apresenta “Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960–70”, a maior mostra de 2025 na instituição. Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, a exposição reúne 250 obras de mais de 100 artistas brasileiros que, em pleno regime militar, usaram a estética do pop art para questionar o poder, a censura e a desigualdade.

O ponto de partida é o icônico “Happening das Bandeiras” (1968), em que Nelson Leirner e Carmela Gross tomaram as ruas com imagens silkscreen que confrontavam o controle do espaço público. Em sequência, os visitantes encontram trabalhos como “Adoração” (1966), de Leirner, que transforma o consumismo em altar satírico a ícones como Roberto Carlos. A produção de Wanda Pimentel, Antonio Dias, Rubens Gerchman, Claudia Andujar e Claudio Tozzi dialoga com temas como sexualidade, classes sociais, racismo e o autoritarismo da ditadura.

A mostra evidencia que, diferente da vertente americana — focada em celebridades e humor leve —, a pop art brasileira foi um instrumento político: diálogo ácido com a cultura de massa, denúncia da repressão e tentativa de democratizar a expressão artística. Obras como a serigrafia de Hélio Oiticica com o lema Seja marginal, seja herói e os desenhos de prisioneiros políticos revelam visualmente a violência institucional da época.

Para o PSOL, iniciativas como esta têm enorme importância: valorizam a memória da luta política, resgatam vozes silenciadas pela ditadura e reforçam o papel da cultura como vetor de contestação e sensibilização . A exposição oferece uma imersão visual potente, que conecta acontecimentos históricos a temas ainda urgentes, como racismo, controle estatal e desigualdade estrutural. A “Pop Brasil” promove a reflexão sobre como a arte pode ser ponte entre passado e presente – crítica estética que se faz política. Uma oportunidade para fortalecer nossa compreensão da cultura brasileira e sua força transformadora. 

Serviço:

Quando: 31/05 a 05/10/2025

Onde: Pinacoteca de São Paulo – edifício Pina Contemporânea (Av. Tiradentes, 273, Luz).

Entrada: Gratuito aos sábados; para outros dias, consultar o site da Pinacoteca.

Dica: Aproveite para visitar os materiais educativos e o catálogo digital, que enriquecem a experiência com contextualização política e histórica.