PSOL e PT lançam abaixo-assinado contra despejo do Teatro de Contêiner, símbolo cultural violentamente atacado
- imprensa5967
- 21 de ago.
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Fundação, artistas e movimentos resistem, e vereadores reúnem assinaturas em defesa da permanência do espaço cultural na Luz

Na última terça-feira, 19 de agosto, artistas ligados à Cia Mungunzá de Teatro enfrentaram uma ação de reintegração de posse realizada pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) no prédio onde funciona o Teatro de Contêiner Mungunzá, situado no bairro da Luz. A intervenção foi marcada por truculência: agentes usaram spray de pimenta, quebraram paredes para fora pelas entradas e ameaçaram os artistas — um ato ocorrido sem diálogo ou dilação de prazo. O Ministério Público de São Paulo agora exige explicações da Prefeitura sobre a ação, especialmente se houve mandado judicial, e solicitou reunião para discutir o caso. A reintegração interrompeu abruptamente as tratativas da companhia com o poder público, mesmo diante de solicitação formal de prorrogação do prazo com apoio institucional.
Em resposta, vereadores do PSOL e do PT protocolaram um abaixo-assinado na Câmara Municipal para impedir a saída forçada da companhia do espaço que ocupa desde 2017. O Teatro de Contêiner, construído com onze unidades modulares de contêiner, exerce presença constante na região da Cracolândia com cerca de 4.000 atividades artísticas e comunitárias realizadas ao longo de quase uma década, destacando-se como espaço de cultura de base, memória e acolhimento.
O documento exige que a reintegração seja suspensa imediatamente e que se inicie diálogo com a comunidade artística para definição de solução conjunta — em especial que o grupo tenha condições de negociar prazos e alternativas de requalificação do espaço, em vez de vedação abrupta. O Teatro de Contêiner simboliza ocupação cultural e resistência urbana — e seu despejo configuraria abandono simbólico e institucional da cultura periférica.
A mobilização ganhou força com adesões nas redes sociais e na própria Câmara. Parlamentares ressaltam a importância de afirmar que a cidade se constrói com cultura viva, e não com apagamentos instalados em nome da “revitalização” quando esta ocorre sem escuta. A mobilização também denuncia o uso estratégico da força pública para contornar processos de negociação e enfraquecer práticas culturais críticas ao Estado.
O abaixo-assinado segue sendo coletado na plataforma digital da Câmara e nos canais dos parlamentares que o subscrevem. A expectativa é que a pressão popular e política impeça mais esse ataque institucional à cultura democrática — e que o teatro, longe de ser varrido, seja celebrado como parte vital da transformação urbana e da memória ativa de São Paulo.



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