Smart Sampa, marca da gestão Nunes, tem impacto praticamente nulo na redução da criminalidade em São Paulo
- imprensa5967
- 31 de jul.
- 2 min de leitura
Estudo independente aponta que o sistema de reconhecimento facial não diminuiu furtos, roubos ou homicídios, enquanto custa quase R$ 10 milhões por mês

Apesar de ser a principal bandeira em segurança pública da gestão do prefeito Ricardo Nunes, o Smart Sampa, sistema de videomonitoramento com reconhecimento facial lançado em 2024, não apresentou redução estatisticamente significativa nos índices de criminalidade em São Paulo. É o que indica o estudo “Smart Sampa vigia, mas não protege”, conduzido pelo coletivo Panóptico, com metodologia rigorosa que compara dados antes e depois da implementação e inclui municípios similares como referência.
O sistema, que custa cerca de R$ 10 milhões por mês, opera com mais de 31 mil câmeras, muitas integradas da iniciativa privada e concentra-se especialmente em regiões nobres e centrais da cidade, com cobertura significativamente menor na Zona Norte e periféricas.
Segundo o relatório, as abordagens resultaram em 1.246 ocorrências, das quais 82 pessoas foram detidas erroneamente por inconsistências nas bases de dados ou falhas nos algoritmos. Embora a prefeitura afirme que ninguém foi preso indevidamente, os casos revelam potencial violação de direitos, especialmente sobre pessoas negras, idosas ou com pouca representação nos bancos de dados.
A prefeitura rebate o estudo, alegando que o sistema já permitiu a prisão de mais de mil foragidos, além de cerca de 2.500 flagrantes, e que tem aprovação de 91% da população. Alegam ainda que o reconhecimento facial opera com alerta apenas a partir de 92% de similaridade, garantindo 99,5% de assertividade. Contudo, os críticos alertam para falta de transparência sobre os protocolos e bases de dados usadas, além da ausência de debate público na implantação.
Na prática, o programa tem mostrado que não reduz ou impede furtos, roubos ou homicídios — o que coloca em xeque sua eficácia como política pública de segurança. O estudo Panóptico conclui que a ausência de impacto operacional confirma que o sistema é caro, vulnerável e insuficiente para cumprir os objetivos declarados.
Além disso, houve críticas à concentração geográfica das câmeras. Enquanto áreas como o Centro, Paulista e zona sul recebem a maioria dos equipamentos, bairros da Zona Norte continuam sem cobertura adequada, ignorando territórios que sofrem com abandono, violência urbana e falta de zeladoria pública.
Esse diagnóstico evidencia que o Smart Sampa, ao invés de ampliar a segurança, se consolida como exemplo de gasto público inflado em tecnologia sem resultados tangíveis. O custo-benefício é inverso: bilhões investidos para instalar uma vigilância massiva que vigia, mas falha em proteger.
Para uma cidade com desigualdade acentuada, vulnerabilidade nas periferias e urgência por políticas eficazes, tratar reconhecimento facial como solução é desviar recursos de ações que poderiam ser mais úteis — como reforço à guarda comunitária, limpeza urbana, iluminação e atendimento social. A conclusão é clara: sem transparência, controle social e avaliação baseada em dados, o Smart Sampa não passa de uma peça de propaganda de Ricardo Nunes.



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