Frota de ônibus elétricos de SP atinge apenas 6,3% da meta prometida por Nunes, de 20%
- imprensa5967
- 24 de jul.
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Com a entrega de 120 novos veículos, Prefeitura amplia o total para 841 elétricos, mas programação ambiental de Nunes falha ao não alcançar meta prometida

Nesta última semana, a Prefeitura de São Paulo anunciou a entrega de 120 novos ônibus elétricos à frota municipal, elevando o total para 841 veículos "limpos" em circulação. Entretanto, esse número representa apenas 6,3% da frota total de cerca de 13.300 ônibus, conforme os dados mais recentes.
A ambição inicial era substituir 20% da frota por ônibus elétricos até 2024, meta que depois foi adiada para 2028 e revisada para cerca de 2.200 veículos não movidos a diesel. Mesmo assim, o ritmo de implantação confirma que a meta está bem longe de ser alcançada.
Na ocasião da entrega, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticou a distribuidora Enel, acusando a empresa de atrasar as obras de infraestrutura nas garagens e dificultar a expansão da frota elétrica. Ele afirmou que a dificuldade de recarga impedia o uso dos veículos e culpou a falta de energia como entrave à eletrificação. A Enel, por sua vez, negou débitos e afirmou que já abastece 20 garagens e que possui capacidade técnica para atender a demanda até o fim do ano.
A Prefeitura também anunciou como alternativa a adoção de ônibus movidos a biometano e sistemas de baterias estacionárias (BESS) para armazenamento de energia nas garagens, com edital previsto para agosto.
Apesar da redução estimada de 10,4 mil toneladas de CO₂ por ano com a entrada dos 120 novos veículos — cerca de 87 toneladas por ônibus/ano —, a transição energética segue lenta, sem cronogramas claros, fiscalização sobre prazos nem estudos de impacto social e ambiental visíveis.
Moradores e especialistas destacam que a promessa de modernização da frota tem sido usada como retórica, enquanto a infraestrutura pública e o planejamento do sistema de mobilidade urbanas permanecem frágeis. O recuo na meta de 20% e a revisão de cronograma denunciam a ausência de compromisso efetivo com a descarbonização do transporte público.
A participação do BNDES e da Caixa Econômica, que financiaram os ônibus, não tem se traduzido em resultados imediatos na vida da população. A falta de clareza sobre a entrada efetiva dos biometano e o uso de baterias estacionárias reforça que o anúncio de veículos isolados não basta: é necessário um plano estruturado e transparente.
Uma política de transporte que se pretende sustentável precisa garantir rapidez operacional e suporte à expansão da infraestrutura elétrica. São Paulo, até agora, caminha devagar demais — e ainda longe da meta prometida, que deixaria a cidade mais limpa, menos dependente de combustíveis fósseis e mais preparada para os desafios climáticos que se impõem.



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