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Programa “Mamãe Tarifa Zero” chega a apenas 20%, revelando desigualdades e burocracia

  • imprensa5967
  • 24 de jul.
  • 2 min de leitura

Iniciativa não consegue alcançar público-alvo previsto; falhas na implementação revelam limitações estruturais da política

Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo
Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Lançado em 31 de março de 2025, o Mamãe Tarifa Zero prometia beneficiar cerca de 15 mil responsáveis por crianças de 0 a 4 anos matriculadas em creches municipais em São Paulo. Após quase quatro meses de operação, o programa entregou pouco mais de 3 mil bilhetes, atingindo apenas 20% da meta inicialmente projetada pela Prefeitura de Ricardo Nunes.


O benefício concede gratuidade em ônibus municipais para pais, mães ou responsáveis legais, desde que estejam inscritos no CadÚnico, residam a mais de 1,5 km da creche e não utilizem o transporte escolar gratuito. A dinâmica envolvia o pedido online no site da SPTrans, recebimento do cartão e recarga mensal automática.


Relatos indicam grandes dificuldades no acesso. Usuárias relataram problemas no sistema que informa a distância da creche, exigindo recadastros sucessivos. Em um caso, mesmo morando a mais de 40 minutos da creche, o sistema computou menos de 1,5 km, negando o benefício. Outra mãe relatou que demorou um mês para aprovação por falhas no envio dos documentos e instabilidades no site, especialmente via celular.


Na prática, essas burocracias derrubaram a adesão, principalmente em áreas periféricas vulneráveis, justamente onde a gratuidade seria mais necessária. O investimento previsto é de R$ 38 milhões por ano, mas até o momento cerca de R$ 1,3 milhão em créditos foram efetivamente utilizados nas aproximadamente 137 mil viagens gratuitas realizadas.


O programa foi uma das principais promessas de campanha do prefeito Ricardo Nunes. Em entrevista, Nunes minimizou a baixa adesão, com a desculpa de que a ausência de uso indicava que muitas famílias já utilizavam o Transporte Escolar Gratuito (TEG) e que a creche em período integral estava disponível para todos. No entanto, os dados sugerem que a fração esperada de público ainda não foi alcançada. A diferença entre a quantidade estimada e os efetivos beneficiados destaca lacunas no monitoramento e na implementação — prejudicando uma política voltada à equidade.


A experiência mostra que é preciso garantir usabilidade, agilidade e transparência nos sistemas de acesso, para que o programa cumpra seu propósito social. Caso contrário, projetos que soam inclusivos no discurso, falham na prática.


O programa segue em funcionamento, mas requer ajustes urgentes: revisão dos sistemas de cadastro, ampliação da divulgação territorial e apoio presencial nas regiões com mais dificuldades de inscrição são essenciais para que a gratuidade de transporte se torne uma alternativa real para aqueles que mais dependem dela.

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