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Ricardo Nunes aprofunda ataques sistemáticos à cultura de São Paulo, e motivações políticas se escancaram

  • imprensa5967
  • 2 de out.
  • 3 min de leitura

Cancelamentos, rescisões e intervenções evidenciam perseguição a artistas e entidades na cidade, com impacto grave no circuito cultural da capital


A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo tem intensificado a perseguição a artistas, produtores culturais, instituições, e diversos agentes e entidades da cultura na capital – em especial os que se posicionam pela democracia, pela diversidade e, em alguns casos, estão ligados a valores associados à esquerda. São ataques sistemáticos à cultura democrática, à diversidade artística e à liberdade de expressão. A combinação de cancelamentos, rescisões contratuais por viés político-ideológico, atrasos de pagamentos e exigências de alinhamento tem gerado uma grave crise no setor cultural.


Um dos episódios mais emblemáticos foi a censura, em agosto, à Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), justificado pela Prefeitura como “evento de cunho político-ideológico” por uma ação de apoio ao povo palestino. Pouco depois, a OS (Organização Social) Sustenidos, responsável pela gestão do Theatro Municipal, teve seu contrato rescindido, após pressão política e supostas “reclamações” sobre programação ligada à diversidade e pautas progressistas. Outra acusação esdrúxula que motivou a prefeitura foi a recusa da Sustenidos em demitir um funcionário que havia postado um conteúdo considerado “inadequado”, relacionado a Charlie Kirk (influenciador, extremista neofascista e supremacista norte-americano que foi assassinado) – conteúdo esse que aparentemente ofendeu pessoalmente Nunes.


Também gira em torno disso a tentativa de desapropriação do Teatro de Contêiner Mungunzá, na região da Cracolândia. O grupo cultural critica a remoção do terreno em que ocupa, denunciando perda de espaço de produção independente, memória urbana e resistência cultural.


A tradicional Marcha Raul, um antigo evento da cidade que celebra o cantor e compositor brasileiro Raul Seixas, em uma caminhada do Theatro Municipal até a Praça da Sé, foi boicotado pela gestão Nunes pela segunda vez consecutiva, sem uma desculpa concreta e com direito a repressão aos ambulantes que trabalhavam próximos à marcha.


Outro elemento que denuncia o estrangulamento da cultura sob a gestão de Nunes é o represamento da verba da Lei Paulo Gustavo: grupos culturais e artistas de São Paulo estão há quase 400 dias aguardando recursos a que têm direito. São mais de 3 mil inscritos no edital, mas menos de 10% foram contemplados – 283 projetos até agora. O atraso e os critérios de seleção são alvo de críticas severas por falta de transparência e clareza.


Os artistas não estão calados. Um abaixo-assinado em defesa da Sustenidos no Theatro Municipal atingiu mais de 13 mil assinaturas; nomes como Fernanda Montenegro, Gregório Duvivier, Camila Pitanga e Denise Fraga participaram de vídeo público em defesa da programação e das instituições culturais ameaçadas, especialmente o Teatro de Contêiner Mungunzá.


Além disso, grupos de cultura independentes e movimentos culturais criticam a priorização de grandes eventos de massa e festivais com apelo comercial, em detrimento dos editais voltados para periferia, direitos humanos, cultura nacional e produção de base. Também há queixas de que editais são liberados com atraso e que pagamentos a contratados demoram meses — cenário que compromete a sobrevivência financeira de muitos coletivos.


A gestão, por sua vez, tentou se justificar afirmando que há exigências legais do Tribunal de Contas, que há necessidade de novo edital para o Theatro Municipal, e que algumas intervenções são motivadas por críticas técnicas. Justificativas essas que em nada justificam a perseguição ideológica promovida pelo atual prefeito contra vozes dissonantes de sua atual posição bolsonarista.


O PSOL, com sua militância e parlamentares, têm atuado fortemente em defesa dos aparelhos de cultura da cidade e dos artistas e entidades que fazem nosso setor artístico ser um movimento fundamental para a viabilidade de São Paulo como cidade. A cultura da capital não baixará a cabeça para projetos de ditadores que odeiam a arte e tudo que é popular.

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